segunda-feira, setembro 12, 2005

Mantis religiosa

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Todos os dias peço a Deus que me dê um maridinho. Levanto as mãos ao céu e rezo com fervor, esperando que venha ter comigo o companheiro com que sempre sonhei. Já tenho os braços deformados de tanto pedir, para sempre cristalizados nesta posição suplicante.
Mas depois de muito insistir, Deus lá se deixa comover, e manda-me um pequenitates, enfezado, para me fazer a corte. Mas eu até prefiro assim, não me sinto intimidada com o seu fraco aspecto. Mas ele tem de penar, que apesar de muito pedir, eu não me deixo levar assim com duas cantigas, há que ser cortejada à antiga.
Depois... depois só Deus sabe. Há quem me chame de bárbara, cruel, etc. e tal, mas eu apenas me preocupo com a saúde da minha descendência em tempos de carestia como os de hoje. Pois se o macho que Deus me manda é fraquito de carnes e parco em vontades, nada como arrancar-lhe a cabeça, que só traz vantagens. Por um lado, é nutritiva e eu garanto sustento aos meus ovos durante semanas. Por outro, ele deixa de pensar, manda as inibições e restrições sociais às urtigas, e os seus últimos momentos são os mais selvagens e orgásmicos de toda a sua vida.
Amigas, aprendam comigo. Peçam a Deus o homem dos vossos sonhos, e dêem-lhe um fim digno dos seus pesadelos.