Inspire, Expire
Sentou-se no chão, costas bem direitas e pernas cruzadas. Inspirou bem fundo, e expirou. Inspirou, expirou. Inspirou, expirou. E continuou a faze-lo até conseguir não pensar, fazer apenas mecanicamente. Depois poderia levantar-se e seguir com a sua vida normal.
Desde miúda que isto lhe acontecia. Às vezes, sem saber porquê, nem como, esquecia-se de como se respirava. Pura e simplesmente deixava de o fazer, porque deixava de se lembrar como era.
Não sabia dizer se eram os movimentos que falhavam, ou a sua sequência correcta, mas tudo deixava de funcionar.
Nessas alturas tirava o livro de instruções da pequena bolsa de couro que trazia ao pescoço, abria-o à sua frente e sentava-se no chão de costas bem direitas, pernas cruzadas, e reaprendia tudo de novo. Pena é que dispunha só de dois minutos para o fazer...
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