sexta-feira, dezembro 10, 2004

Convite de fim de semana

Começaste por me dar as mãos. Adoro sentir os teus dedos no meio dos meus, sempre quentes, no meio dos icebergs gelados que são as minhas mãos. Subiste pelos meus braços, devagar, apertaste o meu pescoço contra ti. Massajaste cada músculo do meu rosto, devagar.
Já estava rendida, desfaleci para cima da cama. Pegaste nos meus pés, mais devagar e gentilmente ainda. Sabes como detesto que me toquem nos pés, mas tu não lhes resistes, como sempre. Resolvi não refilar. Não hoje, depois de tanto tempo zangados, depois de tanto tempo sem nos vermos. Hoje sou para ti, sem barreiras.
Beijaste cada centímetro do meu corpo, como leste nos livros que se deve fazer para dar prazer a uma mulher. Sempre foste um teórico, mas pelo menos aprendeste bem.
As tuas mãos voaram por toda a parte, os teus lábios cobriram-me toda como uma manta de inverno.
- Amas-me?, perguntaste-me num momento em que paraste para respirar.
- Não.
- Ainda bem. Sabes que não quero que me ames. Sabes que não foi isso o combinado. Sabes que eu não aguentaria.
- Eu não te amo. Nunca te irei amar. Podes ficar descansado.
Paraste bruscamente de me tocar. Sentaste-te na beira da cama, sem me ver.
- Sabes que é demais para mim. Não te podes apaixonar por mim. Eu não presto, não vale a pena, só íamos sofrer os dois.
E acabaste a chorar nos meus braços.