Paraíso
Fechei os olhos e vi os Anjos à minha frente. Juntavam-se num grande coro celeste, tocando trombetas, anunciando a vida eterna. Davam-me as boas vindas, tratavam-me pelo nome, mostravam-me todos os recantos do céu.
Quando olhei de novo, estava num prado verdejante, um jardim de delícias, com tudo o que eu sempre sonhara. Uma brisa fresca, animais encantadores, crianças felizes estendendo-me os braços. Um calor suave que me aquecia por dentro, vindo directo do coração.
Abri os olhos, e um nevoeiro cerrado cercava-me por todos os lados, gelando-me os ossos. O calor que me penetrava agora entrava-me directamente pela planta dos pés, como se eu caminhasse sobre brasas. Quando olhei novamente, ondas vermelhas inundavam-me a visão, lágrimas e gritos surdos ecoavam por toda a parte, apesar do silêncio ensurdecedor que se fazia sentir.
Estranhamente, aqui sentia-me bem. Tudo me parecia familiar, os meus olhos estavam habituados a esta escuridão, o meu coração rejubilava pelo vazio que sentia. Esta era, sem dúvida, a minha casa.
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