Príncipes Encantados
Sonhou toda a vida com o Príncipe Encantado, que havia de chegar no seu corcel alado. Nunca gostou de cavalos brancos, os típicos dos contos de fadas, previsíveis e sem graça. A montada do seu príncipe haveria de ter asas para voar, e levá-la com ele no sonho. Haveria de ser negro como a noite que ela tinha no coração, e os seus olhos seriam os holofotes que guiariam a viagem.
Pensando bem, talvez lhe fosse mais fácil apaixonar-se pelo cavalo, do que por um príncipe que poderia nunca aparecer. Os homens não são de confiar, sempre a quererem seguir por caminhos espinhosos, tortuosos como as suas mentes. Os cavalos, por seu lado, são figuras gigantes, seguras, aguentam facilmente os milhares de toneladas que uma rapariga insegura transporta como carga. Todos os seus medos, as histórias mal resolvidas, todas as vezes que se esconderam com a cabeça na areia e os braços amarrados atrás das costas, presas por convenções sociais e estatutos mal definidos.
Estava resolvida. Ia deixar de esperar o Príncipe, e se ele um dia chegasse, ela desmontava-o do seu corcel com um encontrão valente, montaria ela com toda a sua carga, e seguiria para parte incerta.
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