quarta-feira, setembro 15, 2004

Meu anjo da guarda

A vida de um anjo é muito difícil hoje em dia. A deslocação pelo céu é cada vez mais complicada, está tudo cheio de lixo. Ele são aviões, satélites, pedaços de metal de velhas naves espaciais, eu sei lá que mais. Ainda ontem levei uma cabeçada dum pedacinho de meteorito, que fiquei desmaiado numa nuvem durante umas horas. E claro, esse tempo foi o suficiente para a moça por quem sou responsável fazer um monte de disparates. Quando eu acordei já ela tinha caído em dois buracos, e estava prestes a ser assaltada por um bando de meliantes. Cheguei mesmo a tempo de lhes desviar a atenção para um demoniozinho de saias que ia a passar... e o anjo dela que se preocupe depois, que isto é cada um por si. Há muita concorrência hoje em dia, e só neste século já perdi 3 moças mais cedo do que devia por meras distracções.
Mas desta vez vai ser diferente. Tenho andado de olhos bem abertos, que esta é a minha ultima oportunidade. Se falho esta, nem para anjo da guarda de um caracol me voltam a chamar.
E logo me havia de calhar uma deprimida, com instintos suicidas e uma tendência para se meter em sarilhos. Se fecho os olhos um segundo que seja, lá está ela metida em disparates. Uma vez apanhei-a em pleno voo. Isso é que foi tarefa difícil meter lá aquele colchão à ultima da hora. Ainda bem que ela ainda não tinha uma técnica muito apurada e só se mandou dum rés-do-chão.
Lá está ela outra vez, a dar trela a um desconhecido que lhe pediu uns trocos. Bolas, não a posso largar um minuto, já nem vida própria tenho. E logo agora que chegou uma fornada de anjas tão lindas, desde que se despenhou aquele avião cheio de candidatas a Miss...