terça-feira, março 29, 2005

No Palco

Estava sentada na cadeira de braços estofada a vermelho, a olhar para o palco onde se desenrolava a sua vida. Os actores eram uns canastrões e a heroína era uma velha actriz, no desemprego há anos, com ares de diva perdida no tempo.
O enredo era um dramalhão do pior, cheio de histórias incoerentes, lugares comuns e situações inverosímeis.
Passou o tempo todo de lágrima no olho. Para a próxima teria de se aplicar mais nos castings, e ver se conseguia que a sua vida fosse a duma verdadeira estrela de cinema. Assim uma coisa do género “rapaz-conhece-rapariga”, “rapaz-apaixona-se-por-rapariga” e “vivem-felizes-para-sempre”. De preferência “com-muito-dinheiro”.
Se calhar bastava mudar de argumentista, porque Deus por vezes tem um sentido de humor muito retorcido.