segunda-feira, setembro 20, 2004

Combinei que ias ter comigo à casa velha, pela estrada da serra, sem passar pelo meio da aldeia. Era o melhor, para evitar falatório. Cheguei quinze minutos antes da hora marcada, ansiosa, com uma garrafa de vinho, dois copos e uma manta para cobrir o chão cheio de feno e fetos. Ainda pensei nas velas para dar ambiente, mas acabei por desistir por achar perigoso.
Estendi a manta no sitio que me pareceu mais confortável e abri o vinho para estar tudo pronto quando chegasses. Sentia-me nervosa como uma menina pequenina a desobedecer à mãe.
Ouvi os teus passos e o bater na porta com o toque combinado. Abri com um sorriso e um copo na mão, que te estendi e aceitaste. Os teus olhos faiscavam já de desejo e não dissemos uma palavra. Pousaste os copos cuidadosamente, abraçaste-me e, enquanto me acariciavas o cabelo sussurraste-me ao ouvido “minha camponiazinha...”. Eu sorri, gosto do teu sentido de humor.
Tiraste-me a camisola, a saia, deixaste-me em roupa interior. Depois de teres tirado a tua camisa deitaste-te na manta, olhaste em volta, pegaste numa ervinha que colocaste ao canto da boca.
Batendo com a palma da mão na manta disseste “ Vá Maria, anda cá ao teu camponês!”
E foi assim entre gargalhadas que fizemos amor na casa velha.