quarta-feira, agosto 31, 2005

Onde é que eu estive?

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Pois é, já voltei, e desta vez em definitivo. Pelo menos, se não tiver mais nenhum convite "low cost", porque vida de desempregada é dura, e o meu plafond está mesmo a chegar ao fim.
Mas entretanto, fica aqui o meu desafio de fotógrafa amadora. Este fim de semana fui visitar um monumento muito conhecido, e lindíssimo, onde tirei esta foto. Um doce a quem adivinhar onde é.
Fica lançado o desafio.

terça-feira, agosto 23, 2005

Estou de passagem

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Foto Sónia Almeida 2005

Vim ontem da aldeia da minha avó, que podem ver o nome na foto acima. Estou de passagem por Lisboa, porque devo ir até à aldeia duma amiga minha agora. Mas não queria ir sem deixar aqui umas fotos que tirei. O começo, porque tenciono ir pondo aqui muitas mais.
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Foto Sónia Almeida 2005
Esta é a enorme aldeia, vista alguns bons metros acima, ao por do sol.
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Foto Sónia Almeida 2005
E mais uma vista, das que me acompanham desde a infância. Lindo, não é?

domingo, agosto 14, 2005

Desta é que é!

Desta é que vou passar mesmo uma bela semaninha fora, lá para os lados de Góis, linda terra.
Fiquem bem, e até daqui a uma semana.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Solitaire

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Fazia paciencias compulsivamente, como quem tenta arrumar a vida com um baralho de cartas. Sempre pensara que naqueles naipes diferentes, nos números e figuras impregnados de leis de probabilidade exacta, estava a chave da sua vida.
Empilhava cuidadosamente todas as cartas, por ordem decrescente, alternando as cores, espelho da arrumação que ansiava fazer no seu cérebro e no seu coração. E elas davam-lhe pistas sobre a sua vida. Normalmente o rei de copas teimava em não aparecer, deixava o jogo pendurado, escondia-se no meio das espadas e paus que ela tinha erguido para se proteger.
A rainha de ouros erguia-se majestosa à sua frente, sempre pronta a bloquear o aparecimento de qualquer valete que se atrevesse a distrair a jogadora do objectivo final, a perfeição absoluta, todos os molhos empilhados sem falha, milimetricamente organizados, de acordo com a planificação em que se transformara a sua vida.

terça-feira, agosto 09, 2005

Retalhos

Estava empenhada a fazer o jantar na cozinha, perdida nos seus pensamentos. Descascava as batatas e os outros legumes para a sopa que haveria de ser o seu jantar. Mas a sua mente estava a milhares de quilómetros dali, no meio das estrelas do céu, e do calor da sua imaginação. No quarto, o filho mais velho fazia os trabalhos de casa, ou pelo menos era bem sucedido a fingir que estudava. Na sala, o mais novo estava agarrado à consola de jogos, sendo um verdadeiro heroi de futebol, ou de lutas. Ela não conseguia distinguir, faziam todos a mesma barulheira infernal.
Na casa de banho ouvia-se o som da água a correr. Ele estava lá, libertando as tensões do dia de trabalho, e ela imaginava as gotas de água a deslizarem pelo seu corpo nu, que se ia relaxando lentamente, descontraindo a musculatura carregada de stress. Imaginava a espuma do banho que lhe desenhava os contornos e os tornava mais apetecíveis, sonhava com aquele corpo que ainda era uma caixa de surpresas.
Esgueirou-se da cozinha devagar e silenciosa como a gata da familia. Espreitou cada um dos míudos, garantindo a sua imobilidade nos instantes que aí vinham e foi até ao quarto. Despiu-se lentamente, saboreando cada instante, aquecendo o próprio corpo com o toque das suas mãos.
Vestiu um roupão de seda, e entrou na casa debanho sem um ruído. Deslizou para dentro da banheira, acariciou o corpo que era dela, que conhecia de cor. Ele agarrou-a sorrindo, beijou-a com sofreguidão e amor. E amaram-se assim, na confusão dos dias, com um hálito a perigo e um gosto de aventura.

domingo, agosto 07, 2005

Ou nem por isso...

Pois é, queriam ver-se livres de mim, mas não conseguem.
Infelizmente, por problemas de saúde da familia da minha amiga, vou ficar por Lisboa mesmo. Pelo menos por enquanto.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Desta é a sério...

Vou de férias, por tempo indeterminado... que é como quem diz uma semaninha.
Vida de desempregada com bons amigos pode não ser assim tão má. Eles lá fazem o jeitinho de levar a colas com eles para onde eles vão. Já nem chego para as encomendas. Agora vou até à aldeia do Sobral, em terrenos Lourinhanhenses. Praia da areia branca, aí vou eu. Longe de marés de algas tóxicas, e outras que tais...
Até ao meu regresso.

segunda-feira, agosto 01, 2005

A Câmara

Trajava sempre de negro, não para dar nas vistas, mas para se fundir com o meio, como um camaleão, e passar despercebida em qualquer lado por onde passasse. Tinha uma postura discreta, suave, quase não se notava a sua presença, a não ser quando fazia cantar as suas cordas vocais com aquela voz de mel. Era sempre tão simpática, correcta e calma, que não deixava qualquer impressão nas pessoas que a rodeavam. Os colegas de trabalho não sabiam quem ela era, os vizinhos julgavam a sua casa desabitada, a família recordava-se vagamente duma presença feminina algures na sua árvore genealógica, mas que tinha partido para parte incerta.
Saía todos os dias para o trabalho, tomava o pequeno-almoço no café da esquina, ia de metro onde se fundia com a massa anónima, igual todas as manhãs. Desempenhava as suas funções com extrema eficiência, sempre por trás dum monitor, onde se correspondia com outros números e nomes fictícios de outras empresas gigantes.
Voltava para casa ao fim da tarde, fazia algumas compras na grande superfície mais próxima, embalagens individuais, sem cor cheiro e sabor, ideias para vidas saudáveis e monótonas. Cozinhava as suas monodoses no seu microondas, e sentava-se com o seu tabuleiro individual no colo, no sofá da sala, comprado na loja da moda, assistindo a filmes e séries onde as heroínas viviam vidas de sonho, cheias de amor, sexo e glamour.
À meia-noite levantava-se, vestia uma lingerie de renda preta, um vestido sexy coleante. Ligava o computador, a internet e a sua página pessoal. Tornava-se a mulher sexy que sempre ambicionara ser, despia-se lenta e sensualmente em frente à câmara, para dezenas de teclados anónimos e cinzentos como ela, que partilhavam o sonho duma vida a dois.