quinta-feira, abril 28, 2005

Saldo Negativo

pin1.jpg

Madrid para mim teve um saldo negativo... negativo no saldo do telemóvel... negativo no saldo da conta bancária...
Valha-me pelas comprinhas fantáticas que eu fui fazendo.

quarta-feira, abril 27, 2005

Volvi

Que é como quem diz... ainda agora estava em Madrid, e agora já estou cá.
Adoro viajar, adorei Madrid, não vi nem metade do que queria, o que deixou ainda muita água na boca para uma nova visita.
Visitei os dois museus que queria, compras... ai que perdição, e as fotos vêm em breve, assim tenha tempo para as tratar.
Quero voltar... soube a pouco.

sexta-feira, abril 22, 2005

E Viva España

A emissão retorna dentro de momentos.
Tenham um excelente fim-de-semana, tal como eu espero que seja o meu.

terça-feira, abril 19, 2005

A Velha das Pipocas

Ao fim da tarde, a partir do final do Inverno, quando o sol começava a aparecer e a aquecer os corpos fartos do frio, ela começava a passar os finais de tarde naquele jardim. Sentava-se no banco de ripas de madeira, pintado de verde, bem junto ao lago com a fonte no centro, e cheio de peixes vermelhos, enormes carpas, quase tão velhas como ela, que se passeavam indolentes pela paisagem sempre igual. Levava pedaços de pão do dia anterior, e entretinha-se a alimentar os peixes, jurando a pés juntos que eles a reconheciam quando chegava. Tinha dado nomes a todos, e conseguia distinguir cada um deles, simplesmente pela maneira de nadar, ou pelas peculiaridades das barbatanas.
Os cisnes e os patos reais já a reconheciam só pelo andar, e mal a divisavam ao longe, vinham a nadar graciosamente até ela, esperando receber o pão que escapava aos peixes. Cada um deles tinha recebido também um nome, e ela acariciava-lhes suavemente a cabeça enquanto desabafava as novidades dos filhos e dos netos.
Os meninos da escola em frente vinham ter com ela no intervalo grande, esperando ouvir alguma história dos tempos antigos, em que ela vendia balões e pipocas à porta do Jardim Zoológico. Ela sempre adorara crianças, e agora que até os netos já eram quase adultos, vinha matar saudades com estes meninos, sempre ávidos de a ouvir.
Às vezes trazia milho, e isso era o que os miúdos mais adoravam. Ela colocava uns grãos nas suas mãos abertas, e dezenas de pombos rodeavam-nos, alguns pousando nas mãos estendidas que se ofereciam. A principio os meninos tinham medo, retraíam-se e fechavam as mãos, evitando o contacto. Mas com o passar do tempo, habituavam-se ao toque estranho das patinhas, e riam com gosto quando ficavam cobertos de pombos até à cabeça.
E todas essas tardes as crianças ajudavam a mascarar a sua solidão. Os filhos tinham vidas ocupadas, trabalhavam muito para manter um nível de vida confortável, não tinham tempo para perder a conversar com a velha mãe, e ouvir as mesmas histórias repetidas até ao infinito. Os netos estudavam ainda, e ela bem sabia como a faculdade era exigente, despende-se muito tempo na preparação dos exames, e há que estudar muito para se estar pronto para a vida adulta. Não se pode desperdiçar a vida a tomar conta duma velha avó, que ainda por cima fala com patos e pombos.
Por vezes vinham visitá-la, preocupados com a sua saúde. Sugeriam-lhe um lar, dos melhores da cidade, cheio de todas as comodidades, enfermeiras solícitas e ambiente asséptico. Onde não teria de se preocupar com as limpezas da casa, com fazer comida, e onde cuidariam dela com todos os pormenores.
Mas ela dizia sempre que não. Preferia ficar na sua casa, mesmo sozinha, mas onde se sentia ainda livre e senhora da sua vida. Livre para passear por onde quisesse, para alimentar os patos, peixes e pombos do velho jardim do seu bairro, para animar as crianças da escola, e encher as suas vidas de sonhos, com histórias de animais distantes que só podiam ver no Zoo. Ensinar os nomes de cada bicho, de onde vinham, como cada um era importante e especial, tal como cada menino que se cruzava com ela na vida.
E todas as tardes a partir do final do Inverno, eles iam ter com a avozinha, como carinhosamente lhe chamavam, e aprendiam uns com os outros, e preenchiam as suas vidas com o cheiro das pipocas.

sábado, abril 16, 2005

Neura

Porcaria de casa, em que uma pessoa nem pode ficar decentemente deprimida, porque só há chocolate de culinária para comer...
E assim se passa um dia de ressaca/depressão/exaustão fisica e mental, com o comando na mão, uma tira de Nestlé culinária na outra, e dormindo intermitentemente, a ouvir musica tendencialmente depressiva.
Ser uma "gaja porreira, divertida, e sempre de sorriso nos lábios", dá um trabalhão do caraças. Cansei! Agora quero "descobrir a cabra secreta que há em mim", como dizia um titulo dum livro que vi uma vez. E se calhar não é tão secreta assim, porque de vez em quando ela mostra os corninhos.
O que vale no meio disto tudo, é que o próximo fim de semana vai ser "sempre a bombar", até cair para o lado. Não é Suzy Paula? (o que vale é que ela é uma gaja consciente, e não lê as alarvidades que eu escrevo por aqui... uma amiga com cabeça... eheheheh)
Eu depois mostro as fotos. Só faltam 7 dias!

quarta-feira, abril 13, 2005

Perdi!

Mais uma vez alguém ganhou, e não fui eu. “The Queen is dead, God save the Queen!”
O jogo foi bem disputado, os jogadores estão de parabéns, e os vencedores portaram-se à altura. Souberam esconder o jogo nos momentos certos, e jogar as melhores cartadas nas alturas decisivas. Podem congratular-se e levar a taça para casa. Quanto a mim, aperto-lhes as mãos com um sorriso nos lábios. Sou uma Senhora, sei perder, nem tomarão consciência que eu sei que já perdi.
As coisas são como são, não adianta tentar mudá-las, ou sonhar que pelo menos por uma vez poderão ser diferentes. Uma serva nunca poderá ser Rainha, do mesmo modo que um cão nunca será um gato. Não é conformismo, ou pessimismo, é pura Biologia, Genética, mais propriamente.
E tem de ficar definitivamente assente no meu espírito que o meu caminho não é igual ao dos outros, nem tem de o ser. Há com certeza outras coisas guardadas para mim, diferentes das que espero, e por isso não as vejo.
Por isso hoje fecho os olhos, viro-me para dentro, remendo-me mais uma vez. Amanhã acordo novamente em jogo, contra outros competidores, mais parecidos comigo, talvez. Jogadores do meu nível, contra quem eu tenha realmente uma hipótese de ganhar. Amanhã é, definitivamente, um novo dia.

sábado, abril 09, 2005

Ele

O dia tinha amanhecido bem quente, tal como acontecia nas últimas semanas. Tinha sido realmente boa ideia combinar o encontro numa esplanada, se fossem para um local abafado ele com certeza que iria deixar aquelas marcas horríveis de suor na sua camisa Armani. Era raro usa-la, mas aquele dia era especial. Ia finalmente conhecer a mulher que lhe preenchia as noites solitárias em frente ao computador. Ainda se lembrava do nick com que ela entrara pela primeira vez naquela sala de chat, “Carocha”. Tinha sido a estranheza do nome que instantaneamente o cativara, e ainda mais quando ela lhe tinha explicado que era uma velha alcunha de infância. A doçura e sensibilidade dela deixavam-no fascinado, e a conversa entre os dois tinha sido tão natural como a de dois velhos colegas de escola. Partilhavam tantos gostos e interesses, e a companhia dela ajudava-o a adormecer mais feliz todas as noites.
Tinha tido algum receio de marcar aquele encontro, e desfazer a magia e o encanto. Mas por outro lado, o corpo tinha já uma urgência de contacto, de toque, cheiro e sabor, que não podia ser ignorada. Fez a barba cuidadosamente, não queria levar nenhum corte inestético, pôs o creme que lhe deixava a pele macia, e perfumou-se cuidadosamente. Perdeu algum tempo à procura dos boxers certos, era difícil achar alguns decentes no meio daquele caos que era a sua casa de solteiro compulsivo. Avaliou o resultado final no espelho. Realmente o fato tinha um corte perfeito e caía-lhe tão bem, mas o que fazer aquela maldita barriga de cerveja? E aquela falta de cabelo genética, herdada de pai, avô, e sabe-se lá quem mais? De repente sentiu-se envelhecido, pelas longas noites de whisky e solidão, pela dedicação exclusiva à ascensão profissional, e desleixo pessoal.
Passou o dia numa azáfama no trabalho, sempre a controlar as horas, com a ansiedade a queimar-lhe as entranhas, e a barriga encolhida a impedir-lhe a respiração. Passou vários minutos na casa de banho, a dar os últimos retoques e a reunir a coragem que começava a faltar. Chegada a hora, partiu em direcção ao local marcado.
Demorou algum tempo a arranjar lugar para o carro, e quando finalmente parou agarrou o volante com as duas mãos, como se o quisesse levar consigo. Respirou fundo e seguiu para o local marcado, mais uma vez congratulando-se com a boa ideia que tinha sido encontrarem-se ao ar livre.
Rondou a esplanada devagar, e foi fácil dar com ela. Era ainda mais bonita e elegante do que as duas fotos que vira. Tinha um porte e uma postura impressionantes, que emanavam confiança. De repente, sentiu que a sua barriga ficava cada vez maior, como se um barril de cerveja se tivesse materializado lá dentro. As pequenas entradas transformaram-se em gigantescas pistas de aterragem de libelinhas, que ele transportava na cabeça. Como é que ele alguma vez imaginou que uma mulher bonita e interessante como ela se iria interessar por um homem velho e deselegante como ele?
Rodou rapidamente nos calcanhares até voltar à segurança e conforto do seu enorme carro. Voltou para casa e nessa noite ligou-se novamente a um chat na internet, com um nome diferente, nova identidade.
Nunca souberam que eram perfeitos um para o outro.

quarta-feira, abril 06, 2005

Ela

Levantou-se com o estômago do tamanho duma ervilha. Estava nervosíssima, sentia-se uma adolescente de novo. Foi para o banho, e não descurou nenhum pormenor. Usou um gel de banho esfoliante, para deixar a pele macia ao toque, e fez a depilação completa, como via nas fotos das meninas da playboy que lhe vinham parar ao mail. Sentia-se ridícula, já não estava habituada a seduzir e ser seduzida, mas agora era tarde demais para voltar atrás. Falavam-se pelo MSN há tanto tempo, e tinha finalmente tido coragem para um encontro. Desde o seu divórcio penoso, depois dum longo casamento, mais penoso ainda, era a primeira vez que se tinha deixado interessar por alguém.
Enquanto passava o creme hidratante no corpo lembrava-se de como se tinham conhecido há largos meses atrás, numa das primeiras vezes que ela tinha visitado um chat da internet. Tinha sido a filha mais nova que a tinha ensinado a mexer naquelas coisas todas, e ainda se atrapalhava com tanta informação, mas já habituara a utilizar aquele meio de informação, comunicação e socialização. Hoje finalmente o virtual ia passar a ser real.
A lingerie tinha sido escolhida com um enorme cuidado, para ser provocante sem roçar o ordinário, e só o facto de a vestir fez logo com que ela se sentisse muito mais sexy e confiante.
Vestiu cuidadosamente aquele fato de saia e casaco que sabia que realçava as suas formas generosas, mas ainda bem cuidadas apesar da idade. Não podia pedir a opinião a ninguém, porque não tinha confidenciado os seus planos para essa noite. Receava que as filhas a tomassem por uma velha tonta, e as colegas achassem que ela estava a ficar senil.
Passou o dia sem se conseguir concentrar no trabalho, alheada, respondendo por monossílabos, olhando para o relógio de cinco em cinco minutos. De vez e quando ia à casa de banho, ajeitar-se em frente ao espelho, retocar a maquilhagem, enquanto se recriminava mentalmente por se sentir novamente a perder o controlo das suas emoções.
À hora que saiu do emprego mandou uma mensagem para o telemóvel a dizer que já ia a caminho. Passou pelo espelho antes para se certificar que tudo estava perfeito, e foi até ao local combinado para o encontro com um enorme aperto no estômago.
Chegou à esplanada onde tinham marcado, porque o calor de Verão convidava a programas ao ar livre. Retirou da mala o livro que carregava sempre e lhe servia de escudo protector, mas não conseguia ler uma linha. Em vez disso perscrutava o espaço em volta, em busca do desconhecido que vira apenas uma vez numa foto ao longe e desfocada.
Os minutos foram passando, lentos, como se os ponteiros de todos os relógios do mundo se tivessem unido contra ela. O telemóvel estrategicamente colocado em cima da mesa permanecia mudo, e ela já tinha fechado o livro, e permanecia agora ansiosa olhando em toda a volta.
O sumo fresco que tinha pedido já tinha acabado, as pessoas nas outras mesas já tinham ido, vindo, e mudado de rosto, e ela começava já a pensar também que não valia a pena continuar à espera. Os minutos já se tinham transformado em horas, e ela começava a sentir a vergonha e a tristeza galgarem-lhe a garganta a uma velocidade frenética. Pagou, levantou-se, aguentou heroicamente a caminhada até ao carro, e quando se sentou ao volante chorou por todas as raivas que tinha guardadas.
Chegada a casa apagou todos os rastos que ele tinha deixado no seu computador, e as marcas na sua vida. Aprendeu a lição.

sábado, abril 02, 2005

Já Está!

O meu irmão é um génio. Com muito mau génio, mas um génio. E só lá muito raramente, mas de vez em quando tem estes rasgos.
Sim, eu sabia que este bicho era apenas um spyware. E já tinha instalado um programinha anti-coiso, mas que mesmo assim, quando eu fazia um novo scan online, me dizia que ainda tinha o trojan.
De qualquer modo, acabei de abrir o meu pc, ver o tal do lavasoft instalado, fazer um scan, et voilá... tudo limpinho como a dona. O meu irmão deve ter andado aqui de noite, qual gnomo do Pai Natal a pôr-me tudo em condições.
A todos os que deram sugestões uteis, muito obrigada. Aos que partilharam a "minha dor", obrigada na mesma. E para quem se interesse, pode ir ver este site que me tem ajudado com os scans online.
E bom fim de semana.