quarta-feira, novembro 30, 2005

Carta ao Menino Jesus

Querido Menino Jesus:
Eu bem sei que na realidade és tu quem põe as prendas no sapatinho que todos os anos eu deixo na chaminé. E tu bem sabes que eu tenho sido tudo menos uma boa menina. Mas mesmo assim, e apesar de eu ter consciência que nem precisava de pedir porque tu sabes tudo o que eu preciso, aqui deixo a lista de coisas que gostava que me trouxesses pelo Natal:
- Uma agenda, para anotar as explicações e os testes das minhas meninas
- Um casaco bem quente, que o meu está a precisar de reforma
- Um soutien novo e bonito
- Um emprego
- Forças para mudar a minha vida, e Paz para aceitar aquilo que não posso mudar
- Paz entre todos cá em casa
- Saúde para todos

domingo, novembro 27, 2005

PARABÉNS!!

Horas_Negras_2.jpg

Este espaço faz hoje dois anos. Há dois anos que me acompanha, que exponho as minhas tristezas, alegrias, projectos, pensamentos. Começou primeiro no sapo, mas cansei-me dos problemas técnicos e mudei de armas e bagagens para aqui, mas com a mesma filosofia, e com o mesmo espírito.
Já tive vontade de desistir muitas vezes, mas o apelo da blogosfera tem sido sempre mais forte. Não sei por mais quanto tempo andarei por cá. Há dois anos atrás não imaginava com certeza a dimensão que o blog iria ter na minha vida.
Não sei se daqui a dois anos ainda cá estarei. Um dia de cada vez. Mas entretanto, obrigada a todos aqueles que me têm visitado, que têm enriquecido este espaço com a interactividade dos comentários, ou que simplesmente lêm sem mais nada.
Obrigada!

sábado, novembro 26, 2005

Harry Potter

Pois fui ver a estreia do Harry Potter na quinta-feira. E grandes lições se podem tirar desse facto. Lembrei-me porque é que nunca vou a estreias. Estão pejadas de miudos aos gritos uns com os outros, a enfardar pipocas, e a dizer asneiras.
Fica-se sentada meio de lado, numa sala demasiado aquecida, e a achar que o tempo não passa.
Depois disso, o filme até foi bom. Não era maçador, e tinha os cortes necessários para não ser interminável.
O Ralph Fiennes faz um mau convincente, igualzinho ao paciente inglês, na sua fase mesmo paciente. Um bom filme de entretenimento para esta época natalícia.

domingo, novembro 20, 2005

Paraíso

Fechei os olhos e vi os Anjos à minha frente. Juntavam-se num grande coro celeste, tocando trombetas, anunciando a vida eterna. Davam-me as boas vindas, tratavam-me pelo nome, mostravam-me todos os recantos do céu.
Quando olhei de novo, estava num prado verdejante, um jardim de delícias, com tudo o que eu sempre sonhara. Uma brisa fresca, animais encantadores, crianças felizes estendendo-me os braços. Um calor suave que me aquecia por dentro, vindo directo do coração.
Abri os olhos, e um nevoeiro cerrado cercava-me por todos os lados, gelando-me os ossos. O calor que me penetrava agora entrava-me directamente pela planta dos pés, como se eu caminhasse sobre brasas. Quando olhei novamente, ondas vermelhas inundavam-me a visão, lágrimas e gritos surdos ecoavam por toda a parte, apesar do silêncio ensurdecedor que se fazia sentir.
Estranhamente, aqui sentia-me bem. Tudo me parecia familiar, os meus olhos estavam habituados a esta escuridão, o meu coração rejubilava pelo vazio que sentia. Esta era, sem dúvida, a minha casa.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Desabafos

Há dias em que parece dificil as coisas ficarem mais negras... em que só nos aparece uma solução para os nossos problemas, em que tudo seria mais fácil se terminasse de vez.

terça-feira, novembro 15, 2005

Frio

Ando mole como as papas... não me apetece escrever, só estar debaixo de cobertores quentinhos a curtir uma de deprê, com um chá quente na mão.
Adoro o Inverno.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Voa, voa, que o teu pai foi para Lisboa

coccinella_septempunctata.jpg

Era uma joaninha, pequenina, bem redondinha, e que corava com facilidade. Chamava-se Coccinella septempunctata . Coccinela por parte de mãe, e septempunctata por parte dos sete diamantes fumados que tinha a ornamentar-lhe as costas. Assim à laia de tatuagem, para lhe dar garbo, e distinção. Tinha 3 em cada asa, e um mesmo a meio, que se abria majestoso quando ela começava a voar. Sim, porque joaninha que se preze dá os seus passeios em voos rasantes, de folha em folha, vaidosa das suas cores.
Era uma grande gulosa, sempre de boca aberta, pronta a devorar tudo o que lhe aparecesse pela frente. Comia sempre, em qualquer altura, a qualquer hora. E como tinha um ar tão inofensivo e delicado, era sempre fácil arranjar alimentos. Punha-se a piscar as suas enormes pestanas, mesmo na pontinha duma folha, na direcção de algum pulgão sobre desenvolvido, com ares de machão pronto a salvar uma donzela em perigo. Fazia a sua vozinha de menina indefesa, abanava as asas, fazendo a luz do sol incidir da maneira especial, que as fazia brilhar mais e sobressair o vermelho escuro, e lá se aproximava o pulgão, armado em conquistador, na esperança de uma valente sessão de sexo selvagem nas folhas da roseira.
Pobre coitado. Quando se apercebe da realidade que o cerca, já se encontra a meio caminho do tracto intestinal da nossa Coccinella por parte de mãe, menina de apetite voraz, e ciosa das suas sete armas de sedução.

terça-feira, novembro 08, 2005

Haverá um limite legal...

... para o número de vezes seguidas que se pode ouvir o novo single da Madonna?
Tu ru ru Tu ru ru
Time goes by
so slowly
I don't know
what to do
Tu ru ru Tu ru ru
I'm tired of waiting on you

sexta-feira, novembro 04, 2005

Melancolia

Detestava dias de chuva. Nesses dias vinha sentar-se à janela da sala, observando as pessoas que, como formigas trabalhadoras, iam e vinham pelos seus carreiros, lutando desesperadamente com o vento, tentando manter abertos os guarda-chuvas, e ao mesmo tempo alguma dignidade e roupas secas. Recordava com melancolia os dias de outrora, em que fora ele próprio uma obreira atarefada, tentando prover a sua família com todas as comodidades.
Agora sentia-se mais um fardo, principalmente nestes dias cinzentos, em que necessitava que lhe trouxessem o almoço, em que precisava que cuidassem dele, como um dia ele tinha cuidado dos seus. Detestava a chuva que caía lá fora, símbolo da sua própria inadequação, dos dias cinzentos em que a sua vida se tornara.
Nos dias de sol tudo era diferente. Levantava-se de manhã com um sorriso nos lábios, a temperar as dores que sentia em todas as articulações, que por hábito acordavam bem mais tarde que o seu cérebro ainda bem activo. Andava devagar pela casa, fazendo as actividades diárias ao seu ritmo, lento e exasperante, mas que eram rotinas que o mantinham vivo.
Depois de almoço saía de casa, com passos lentos e arrastados, até ao jardim do seu bairro, onde uns bancos de madeira, e uma mesa de ferro esperavam invariavelmente por ele todas as tardes. Levava os bolsos cheios com as armas que usava na luta contra o tédio. Um baralho de cartas, um jogo de damas em miniatura, consoante o número de parceiros que tivesse conseguido sair de casa nesse dia.
Sentavam-se juntos, jogando cartas, maldizendo a vida, os ossos quebradiços, o coração que que está lento, pesado de memórias duma vida preenchida. Ao fim da tarde um copo de vinho na tasca do Sr. João, que sempre ajuda a manter as juntas afinadas, e os travões bem oleados. Compra-se o jornal no quiosque da esquina, que a noite sem sono ainda é longa para quem não gosta de ver as novelas da praxe.
Por isso gosta do sol, dos dias com companhia, com quem partilha as gracinhas dos netos e o sucesso dos filhos. Gosta dos cães abandonados que o trazem a casa, dos amigos com quem discute a bola e política há tantos anos, e ainda nunca se conseguiram entender.
Detesta dias de chuva, com cheiro a mofo, a camisola velha arrumada na prateleira, a morte no seu caminho.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Uma proposta para irem visitar.

Proximizade


Proximidade e mão amiga. "Proximizade", feita do entusiasmo voluntário de quem quer ajudar a combater a apatia, a dispersão e a insensibilidade que nos ameaça se continuarmos indiferentes ao que se sabe e ao que se vê.
Aqui, já está a acontecer.

terça-feira, novembro 01, 2005

Não gosto do Halloween

Não gosto de tradições importadas, apenas com o intuito de fazer dinheiro na venda de merchandising. Por isso não gosto do Halloween, do dia de São Valentim comemorado à americana, do Carnaval com meninas despidas em pleno Inverno.
Gostamos muito de importar as tradições que vêm de fora, e esquecer as coisas preciosas que temos cá dentro. Eu ainda sou do tempo em que se ouviam desgarradas enquanto se desfolhava milho, ou debulhava feijão. E não sou propriamente velha (aviso à navegação: ai de quem se atreva a contestar esta afirmação...)
Por isso acho que deviamos apostar em coisas mais nossas, em vez de continuarmos a absorver mais ou menos indiscriminadamente as tradições que vemos na televisão.
Por isso, aí mesmo à porta temos o São Martinho, com castanha assada e água pé.