quinta-feira, março 31, 2005

Socorro!!!

Tenho um bicho no meu computador. E desta vez é a sério. Um bicho chato, que me abre um pop up de sexo quando lhe dá na real gana. E que chama outros bichos para alegremente infestarem o meu computador com ele.
Já tentei tudo. Apagá-lo manualmente, instalar um programa milagroso para o remover. Mas nada parece resultar, e ele continua cá, feliz, apesar de tudo.
DANI!!!! Vem-me ajudar!!!

terça-feira, março 29, 2005

No Palco

Estava sentada na cadeira de braços estofada a vermelho, a olhar para o palco onde se desenrolava a sua vida. Os actores eram uns canastrões e a heroína era uma velha actriz, no desemprego há anos, com ares de diva perdida no tempo.
O enredo era um dramalhão do pior, cheio de histórias incoerentes, lugares comuns e situações inverosímeis.
Passou o tempo todo de lágrima no olho. Para a próxima teria de se aplicar mais nos castings, e ver se conseguia que a sua vida fosse a duma verdadeira estrela de cinema. Assim uma coisa do género “rapaz-conhece-rapariga”, “rapaz-apaixona-se-por-rapariga” e “vivem-felizes-para-sempre”. De preferência “com-muito-dinheiro”.
Se calhar bastava mudar de argumentista, porque Deus por vezes tem um sentido de humor muito retorcido.

sexta-feira, março 25, 2005

Uma Santa Páscoa

É já neste domingo a festa maior para todos os cristãos. Celebra-se Jesus, que ressuscitou para nós todos, os que acreditam e os que não acreditam.
Eu por vezes pareço duvidar de muita coisa na minha vida, até mesmo do amor de Deus por mim. Mas todos os anos tenho uma nova oportunidade de acreditar de novo, em mim, em Deus, nos outros, na possibilidade de uma vida feliz.
É isso que vos desejo para esta Páscoa. Que possam sentir que há uma possibilidade de recomeçar, de ver a felicidade à frente do olhos, mesmo que não seja como a tinhamos imaginado. Porque Deus ressuscitou para nós.
Uma Santa Páscoa!

segunda-feira, março 21, 2005

Amor à Ciência

“As rãs são animais fascinantes, sabias? Para além de serem extremamente bonitas, como tu aliás, são importantíssimas para o ecossistema, e são fonte de inúmeros estudos de fisiologia. Através do funcionamento dos seus nervos motores podemos descobrir tanto sobre nós próprios. A espécie humana não é tão diferente das outras como se julga.
Sabes como se mata uma rã em laboratório? Utiliza-se um método extremamente eficaz e supostamente indolor. Um método “humano”, se assim desejares defini-lo. Eu costumo chamar-lhe hipocrisia, mas sabes como sou sarcástico. E, sinceramente, o sofrimento das rãs não me diz muito. A Ciência vem em primeiro lugar. São necessários grandes sacrifícios para se fazerem grandes descobertas. As rãs são as mártires do nosso tempo, se assim quiseres, sacrificando-se em prol dum bem maior.
Mas já me perdi em divagações, como sempre. Por isso nunca fui um professor brilhante. Os meus alunos queixavam-se que eu era incapaz de manter um fio condutor no meu raciocínio, e que os baralhava mais do que esclarecia. Cambada de incompetentes mentais, isso sim. Habituados a terem a papinha toda feita, com as suas sebentas de saber já mastigado e digerido, pronto a derramar em pseudotestes, que supostamente avaliam conhecimentos, mas que servem apenas de medida de aferição da capacidade de reter matéria inútil, como um corpo disfuncional retém as águas da urina.
Mas são um bicho interessante e abnegado, as rãs. Bem melhores que os ratos, que se contorcem como loucos, enormes bichos de esgoto, que só morrem à custa de doses massiças dum veneno qualquer. Habituados a viver na podridão, bichos nojentos. As rãs não, elas são as melhores amigas do fisiologista, os cães dos cientistas. Sobrevivem dentro do frigorífico por longos períodos de tempo, baixando o seu metabolismo para não morrerem. Economiza-se em comida e em instalações. Só vantagens, como podes ver.
Mas o que mais me fascina, como te disse anteriormente, é a forma como são mortas em laboratório, uma verdadeira maravilha da ciência. Introduz-se lentamente na zona da nuca, como um ritual religioso, uma agulha fina mas resistente. Pressiona-se até atravessar a pele e restantes tecidos, até atingir a delicada zona do cérebro. Aí chegados, movimentamos a agulha em círculos, até extinguir completamente qualquer actividade cerebral. Uma metodologia simples, eficaz, limpa e sem qualquer tipo de dano para o investigador, sem consequências morais. Os meus alunos queixam-se um pouco ao inicio, têm pruridos, dilemas éticos, mas são rapidamente conquistados pela beleza delicada da operação. Mais do que ciência, o processo torna-se numa verdadeira obra de arte.
O problema é que se torna viciante, queremos cada vez mais, melhor e maior. Quando nos apercebemos, uma simples rã já não chega, deixa de nos satisfazer. E passamos para uma lagartixa, animal um pouco mais complexo, embora ainda bastante em baixo na escala evolutiva. Depois, um dia, acordamos com vontade de experimentar numa avezinha indefesa, num pequenino mamífero, um ratinho, quem sabe?
Sabes,amor? Eu sou um cientista de topo, estou no cimo da escala evolutiva, da cadeia alimentar, os meus desejos têm de ser respeitados, porque um dia farão o mundo andar para a frente. É do resultado dos meus estudos que sairão grandes avanços para a humanidade. Por isso, amor, tu és a peça mais importante deste puzzle. Tu aí quieta, com esses olhos assustados, as extremidades amarradas e o corpo indefeso, vais salvar toda a humanidade, uma Messias dos tempos modernos, cura para o mundo doente.
Tu, meu amor, estás a fazer a dádiva mais bela e justificada de todas,ao doar o corpo para a ciência, ainda que involuntariamente.
E assim, amor, através do meu trabalho, seremos os dois imortais.”

sábado, março 19, 2005

O Pai Anjo

Não se lembra exactamente há quanto tempo morreu, mas tem ainda vagas recordações de ter assistido ao seu funeral. Já fora do corpo, claro, pairando naquele limbo estranho, em que ainda não deixámos de ser homens, mas também não atingimos a condição de anjos. Lembra-se que espirrou durante horas, por causa do ramo de gladíolos que a Tia Augusta lhe deixou no caixão. Sacana da velha sempre tinha embirrado com ele, e de certeza que fizera de propósito para comprar as flores a que ele era alérgico.
Viu a mulher debulhada em lágrimas, fingidas de certeza, porque aquela grande ordinária já há mais de dois anos que andava com o rapaz novo da contabilidade. Ele é que fingiu que não percebia, até lhe dava jeito para encobrir as escapadelas crónicas que dava com as secretárias.
Ainda conseguiu ver as guerras familiares que as partilhas provocaram, e como quase se mataram para decidir quem ficava com a casa do Algarve. O seu mais velho não o desiludiu, tinha seguido as suas pisadas em tudo, até mesmo na esperteza e na frieza de coração. Conseguiu angariar muito mais bens que os irmãos, com esquemas e falcatruas dignas de um político. No final, ficaram todos a ganhar com a sua morte, até mesmo o mais novo, que tal como ele esperava, se recusou a entrar em disputas. Mas ele já previa isso, e tinha deixado um fundo em seu nome antes de morrer.
E era mesmo o mais novo que lhe quebrava o coração. Era o que mais tinha gostado do velho pai rezingão, mas ele não estava preparado para o ver passar tardes a fio no cemitério, chorando, dialogando com a pedra fria durante horas intermináveis, desabafando os seus desgostos sem esperar resposta. Ele ficava lá, junto ao filho, silencioso, ainda sem ser anjo, mas já não sendo homem, sem saber como havia de o ajudar. Debruçava-se a seu lado e sussurrava-lhe ao ouvido: “Segue a tua vida, meu filho. O pai está bem, e espera-te daqui a muitos anos, depois duma vida longa e feliz.”
Um dia a mensagem atingiu o seu destino. Sem saber porquê, depois duma tarde passada à beira do seu pai, ele disse: “Eu sei que estás bem. Vou seguir a minha vida, e espero ver-te daqui a muitos anos. Reza por mim.”
Levantou-se, saiu calmamente e não voltou ao cemitério.

terça-feira, março 15, 2005

O Convite

Via-a passar todos os dias e sentia que ela era especial. Ansiava convidá-la para jantar, para darem um passeio, ou simplesmente para ficarem próximos, fazendo companhia um ao outro. Sonhava todas as noites com a melhor maneira de a abordar, fazer um convite, e por vezes tinha pesadelos terríveis, em que ela lhe dizia que não e troçava dele. Nessas alturas, acordava transpirado e agitado, e não voltava a adormecer, passava o resto da noite a tentar acalmar-se.
Ela era muito bonita, e caminhava sempre de nariz ao alto, com porte de princesa. Nunca tinha sequer reparado na existência dele, e nos olhares carinhosos que ele lhe lançava. Aspirava um dia encontrar alguém da sua condição, que cuidasse dela, e a tratasse como merecia.
Na realidade, ansiava por um cão de raça nobre e porte altivo, que ladrasse aos melhores carros da cidade, se alimentasse de bons pedaços de carne de vaca e biscoitos da melhor qualidade. Um cão destemido e aventureiro, que a soubesse defender dos rafeiros na altura do cio, que a protegesse dos homens do canil, que varriam as ruas fazendo prisioneiros.
Não fazia parte dos seus planos apaixonar-se por um simples candeeiro, velho e sujo, que ninguém reparava que existia, a não ser quando parava de dar luz.

sábado, março 12, 2005

Parabéns para mim!

Quando era miúda pensava muito no futuro. E imaginava como iria ser a minha vida. Achava que quando chegasse aos 30 ia estar casada, já com filhos, com um bom emprego, casa, as coisas normais que se espera duma pessoa dessa idade. As coisas que aprendemos a ver nos que nos rodeiam, e que consideramos como normais.
Em vez disso, chego hoje aos 30 com os presentes que Deus me quis dar. Não tenho uma casa, não estou casada, e certamente que não tenho um bom emprego.
Tenho uma família de doidos, mas que de certeza me ama e um punhado de amigos que Deus pôs no meu caminho, para me ajudar e me acompanhar. Não tenho um bom emprego, mas vou tendo sempre trabalho, e dinheiro para o que preciso.
Tenho duas afilhadas lindas de morrer, que me enchem de mimos, como só as crianças sabem.
apesar de muitas vezes eu apenas conseguir ver as horas negras da vida, acho que posso dizer que sou feliz à minha maneira, e que me sinto amada por Deus.

sexta-feira, março 11, 2005

Apelo à navegação

Não é novidade para ninguém que o país está a atravessar uma seca tremenda, e que já está a trazer sérios problemas. A mim, entre outras coisas, preocupam-me seriamente os fogos de verão, porque a minha avózita vive sozinha numa aldeola sem saída num alto dum monte, numa zona terrível para incêndios. Mas há várias coisas que o cidadãop comum pode fazer para economizar água, que são simples, e acabam por trazer também beneficios financeiros, porque economiza nos dois sentidos. Cá vão umas sugestões:
- Acabaram os banhos de imersão. Temos pena, mas gasta-se uma quantidade assustadora de água, que neste momento é um bem raro.
- Fechar a água do duche enquanto nos ensaboamos. (esta custa-me particualarmente, mas já a comecei a seguir à risca.)
- Fechar a água enquanto escovamos os dentes.
- Tomar cuidado com torneiras que não vedam bem.
- Parar de praticar sexo na banheira. Gasta ainda mais água que um banho de imersão, e há uma gama imensa de outras fantasias mais amigas do ambiente neste momento.
Seguindo estes conselhos, estamos já a ajudar a evitar males maiores.

terça-feira, março 08, 2005

Poema ao Amor Desconhecido

Gosto que sejas assim, calmo e metódico, enquanto eu sou toda fogo, calor e paixão. Gosto que me tomes nos braços e absorvas o bater descompassado do meu coração, mostrando-me que o mundo é mais claro do que eu vejo.
Gosto da luz que me acendes nos olhos, nos mundos paralelos que me mostras, das alternativas à vida monótona. Do cheiro a vida futura que emanas, da tua voz grave que abafa os meus gritos agudos.
Lutaste por mim e para mim, quando eu baixei os braços e deixei de ver o caminho à minha frente. Abriste um atalho na selva caótica que me rodeava, mataste bestas ferozes que a minha mente construiu, moldaste o meu corpo e o meu coração rebelde.
Fizeste-me esquecer o mal que me fiz e lembrar o bem que me fizeram, sonhar com o fim do mundo nos teus braços, e fazer tudo isso com um sorriso na alma. Deste-me as asas que não tinha, as garras que precisava, tiraste o meu sangue da ebulição que o consumia.
Hoje sou feliz dentro e fora de ti, com pernas para andar e mãos para acariciar, olhos que vêm as maravilhas que preenchem a minha vida.
E quando Deus te trouxer até mim, sei que estarei completa.

domingo, março 06, 2005

Mas que mensagem ando eu a passar?

Depois de aturada investigação, consegui descortinar algumas das palavras que fazem os meus visitantes chegar até aqui. E fiquei seriamente preocupada com o tipo de mensagem que este meu blog passa.
Para já a combinação vencedora é NEGRAS NUAS (e acabo de ganhar mais uns visitantes), ou fotos das ditas, ou qualquer combinação que envolva as ditas.
Mas pior que isso, "meninas de 15 anos nuas". ????
Essa juro que não percebo...
Outra que me ultrapassa foi "mensagens romanticas para telemovel". Por amor dos céus, se há coisa que eu não suporto são essas mensagens massificadas, mas pelos vistos o meu blog está cheio delas.
Mas o pior ainda está para vir, o que foi verdadeiramente chocante, um verdadeiro escândalo...
Colecção da roupa da maluca!!!!
Como é que eles adivinharam?

quarta-feira, março 02, 2005

Diálogo matinal

Dirijo-me à casa de banho, a correr como sempre.
- Mãe, vou bem assim?
- Ai filha, era mais um bocadinho de força de vontade e perdias mais uns quilinhos. Mas não, tens sempre de meter manteiga. Sim, e naquelas quantidades! Eu bem te digo que não te esforças, não comes legumes, blá blá blá...
Conclusão: estava bem assim. Quando alguma roupa fica mal, ela limita-se a dizer: Não gosto de te ver, não fica bem. Guarda o discurso para quando gosta. Vá-se lá perceber as mães...