quarta-feira, dezembro 29, 2004
Pois é, recebi um presentaço este Natal. O meu maninho ofereceu-me um gravador de DVD. Infelizmente, também me matou o computador. Por isso, para aquelas pessoas que se interrogavam porque razão eu não postava (sou só eu, eu sei), um conselho... NUNCA aspirem, ou deixem um irmão aspirar o vosso computador. Muito menos desmontá-lo para tal efeito. Mesmo que ele esteja com um amigo "super entendido" em hardware.
Agora, estou à beira de ter de comprar um processador e uma motherboard nova. O que para o salário duma trabalhadora temporária é incompatível.
Por isso, só vejo uma solução. Amigos leitores, se gostam do que eu escrevo, se querem que eu continue a escrever algures nos primeiros tempos de 2005, mandem-me um mail, que eu mando-vos o meu NIB, e assim podem fazer uma menina muito feliz com uma pequena contribuição.
Olhem, e tenham um Feliz 2005!
Post gentilmente cedido pelo computador do meu primo
sexta-feira, dezembro 24, 2004
Boas Festas
Este ano o meu Natal é um pouquinho mais pobre. A minha avózita está doente duma perna, como de costume, e não pode vir ter connosco.
Mas desejo a todos que passem no minimo um Natal tão feliz e tão em familia como eu vou passar. Com os tios, os primos e o avô, com as discussões do costume, o caos generalizado, que tão bem caracteriza a minha familia de doidos.
Com o distribuir presentes às minhas meninas, as grandes e as pequeninas. Tomar o pequeno almoço de dia 24 com as amigas do costume, enquanto se está na fila do Bolo Rei do Califa.
E, mais importante de tudo, por o Menino Jesus no Presépio à meia noite, e esperar que Ele tenha nascido no meu coração também.
Boas Festas a todos!
segunda-feira, dezembro 20, 2004
Feliz Natal
Todos os dias pegava na sua caixa, vazia pela manhã. Não adiantava ir muito cedo, porque nas horas de ponta era impossível andar de transportes. Mas a partir das 10h já havia espaço. Para ele, a sua mulher, igual a ele, e as suas bengalas. Começavam no inicio da linha, um em cada ponta do metro. Cruzavam-se a meio, e até esboçariam um sorriso, mas ambos sabiam que o outro não o veria. Mas sentiam o cheiro um do outro, e isso já os deixava feliz. Até piscariam o olho, mas as pálpebras nunca se tinham descerrado. Ambos nasceram assim, e assim tinham aprendido a viver, a andar e a amar.
“Tenha a bondade de me auxiliar, por favor.”, era a frase repetida até à exaustão. Nunca aprenderam nenhum outro oficio, cego é deficiente, inválido, não serve para trabalhar, o que há-de ser destas crianças, foi cassete que sempre escutaram. E assim se tinham habituado, afinal, se tanta gente lhes disse, deveriam ter razão.
“Esta criança é um peso, que mal fiz eu a Deus para merecer isto? Mais valia se nunca tivesses nascido!”
Não se zangavam, nunca lhes disseram isto por mal. Eram um peso, e sabiam-no. Era principalmente um peso para si próprios.
Mas um dia, há muito tempo atrás, tinham-se cruzado pela primeira vez, algures numa rua da Baixa. E descobriram que cantavam a mesma canção: “Tenha a bondade de me auxiliar, por favor.” Pararam, olharam para o céu, que foi de onde lhes pareceu vir o som. Repetiram as mesmas palavras a medo. Até teriam sorrido, se soubessem como o fazer. Mas deram as mãos, juntaram as cegueiras.
“Tenha a bondade de me auxiliar, por favor.”, era a frase repetida até à exaustão. Nunca aprenderam nenhum outro oficio, cego é deficiente, inválido, não serve para trabalhar, o que há-de ser destas crianças, foi cassete que sempre escutaram. E assim se tinham habituado, afinal, se tanta gente lhes disse, deveriam ter razão.
“Esta criança é um peso, que mal fiz eu a Deus para merecer isto? Mais valia se nunca tivesses nascido!”
Não se zangavam, nunca lhes disseram isto por mal. Eram um peso, e sabiam-no. Era principalmente um peso para si próprios.
Mas um dia, há muito tempo atrás, tinham-se cruzado pela primeira vez, algures numa rua da Baixa. E descobriram que cantavam a mesma canção: “Tenha a bondade de me auxiliar, por favor.” Pararam, olharam para o céu, que foi de onde lhes pareceu vir o som. Repetiram as mesmas palavras a medo. Até teriam sorrido, se soubessem como o fazer. Mas deram as mãos, juntaram as cegueiras.
E ainda hoje cantam juntos, algures, no metro. Todos os dias.
sábado, dezembro 18, 2004
Convite de fim de semana
Há mais de uma hora que estás a falar para mim aí dessa cadeira. Mas eu não ouço nada do que dizes. Apenas vejo uns lábios carnudos, apetecíveis, a moverem-se na minha direcção. Estou aqui perdida com os meus botões, a tentar imaginar a melhor maneira de te conseguir beijar.
Sei que estamos a ter uma conversa interessante e culta, mas sinceramente nem sei sobre o quê. Bem poderia ser sobre a textura macia da tua pele, ou da maneira como olhas com a cabeça ligeiramente inclinada, com esses olhos transparentes de menino, tão cheios de luz.
As minhas mãos há muito que não me obedecem, repousam tranquilamente nas tuas pernas, levemente encostadas às minhas, e que me desconcentram com o seu calor.
Às vezes ouço-me responder qualquer coisa, decerto algo inteligente, que apenas serve para camuflar uma tentativa descarada dos meus lábios se aproximarem dos teus.
Quanto tempo mais vou aguentar esta tortura?
Sei que estamos a ter uma conversa interessante e culta, mas sinceramente nem sei sobre o quê. Bem poderia ser sobre a textura macia da tua pele, ou da maneira como olhas com a cabeça ligeiramente inclinada, com esses olhos transparentes de menino, tão cheios de luz.
As minhas mãos há muito que não me obedecem, repousam tranquilamente nas tuas pernas, levemente encostadas às minhas, e que me desconcentram com o seu calor.
Às vezes ouço-me responder qualquer coisa, decerto algo inteligente, que apenas serve para camuflar uma tentativa descarada dos meus lábios se aproximarem dos teus.
Quanto tempo mais vou aguentar esta tortura?
sexta-feira, dezembro 17, 2004
Aviso à navegação.
Finalmente acabou o meu cursinho de Formação de Formadores. Ou seja, já voltei a ter vida social.
O que quer dizer que já me podem convidar para um cinema, um jantar ou beber um copo, que eu já estou disponível.
quarta-feira, dezembro 15, 2004
Rua
Tinha a pele rugosa, meio curtida pelos anos que passara a pastar ovelhas na infância. Veio para Lisboa ainda miúda, com ar de menina rabina e espírito rebelde.
Começou por servir na casa de uns senhores, mas aquela vida aborrecia-a, era demasiado monótona, não a estimulava.
Começou a fazer pequenas incursões nocturnas pelo seu bairro, a ver as pessoas que povoam a noite. Cada dia ia um pouco mais longe, voltava cada vez mais tarde, até que um dia não voltou mais.
Deixou-se ficar pela rua, que a seduzia, e a agarrava. Começou por se vender por necessidade, mas depressa lhe apanhou o gosto. O risco, o desconhecido, tudo aquilo lhe agradava.
Sentia-se viva, estimulada. Saía com todos, desde que lhe pagassem, não se apegava a nenhum. Não os beijava na boca, para que não lhe sugassem a alma. Era feliz no seu desprendimento.
Fez algumas amigas, mas a maioria eram inimigas. E das verdadeiras, ferozes. Todas trabalhavam por necessidade, ou por amor dum homem, não compreendiam este gosto pela rua, pelo risco, pelo desamor.
Muitas vezes lhe tramaram a vida, a emboscaram em becos, bateram-lhe, roubaram-na, magoaram-na. Mas isso não a fazia desistir. Fazia parte do contrato que tinha feito com a vida, era parte da remuneração, do risco. De certa forma até lhe agradava. Gostava de saber que não era indiferente, que provocava as vidas miseráveis das pessoas que a rodeavam.
E todos os dias saía. E todos os dias tinha clientes, cada vez em maior número, atraídos pela sua fama de desprendimento, mas também pela modo como ela fazia cada um sentir-se especial, o mais importante homem do mundo. Algumas mulheres chegaram a procurá-la, mas ela nunca aceitou. As mulheres são mais perigosas, possuem chaves para a alma que os homens nem sonham que existem. Não valia o risco, prezava a sua liberdade.
Começou por servir na casa de uns senhores, mas aquela vida aborrecia-a, era demasiado monótona, não a estimulava.
Começou a fazer pequenas incursões nocturnas pelo seu bairro, a ver as pessoas que povoam a noite. Cada dia ia um pouco mais longe, voltava cada vez mais tarde, até que um dia não voltou mais.
Deixou-se ficar pela rua, que a seduzia, e a agarrava. Começou por se vender por necessidade, mas depressa lhe apanhou o gosto. O risco, o desconhecido, tudo aquilo lhe agradava.
Sentia-se viva, estimulada. Saía com todos, desde que lhe pagassem, não se apegava a nenhum. Não os beijava na boca, para que não lhe sugassem a alma. Era feliz no seu desprendimento.
Fez algumas amigas, mas a maioria eram inimigas. E das verdadeiras, ferozes. Todas trabalhavam por necessidade, ou por amor dum homem, não compreendiam este gosto pela rua, pelo risco, pelo desamor.
Muitas vezes lhe tramaram a vida, a emboscaram em becos, bateram-lhe, roubaram-na, magoaram-na. Mas isso não a fazia desistir. Fazia parte do contrato que tinha feito com a vida, era parte da remuneração, do risco. De certa forma até lhe agradava. Gostava de saber que não era indiferente, que provocava as vidas miseráveis das pessoas que a rodeavam.
E todos os dias saía. E todos os dias tinha clientes, cada vez em maior número, atraídos pela sua fama de desprendimento, mas também pela modo como ela fazia cada um sentir-se especial, o mais importante homem do mundo. Algumas mulheres chegaram a procurá-la, mas ela nunca aceitou. As mulheres são mais perigosas, possuem chaves para a alma que os homens nem sonham que existem. Não valia o risco, prezava a sua liberdade.
Era determinada na sua busca. E um dia, igual a todos os outros, em que saiu para a rua, sempre um pouco mais longe que nos dias anteriores, finalmente encontrou o que sempre procurou. E nunca mais voltou.
segunda-feira, dezembro 13, 2004
Conversas
- Eu sou humana.
- Não, não és. – Disseste-me tu calmamente.
- Sou sim. Eu penso! Eu comunico!
- Não, não pensas. – E continuaste a lidar pela casa.
- Penso sim. Se não pensasse, como é que estava aqui a falar contigo?
- Tu não estás a falar comigo. – Respondeste enquanto despejavas o cinzeiro.
- Caramba! Mas que raio se passa contigo hoje? Só me contrarias!
- Eu não te contrario. Nem sequer estamos a ter esta conversa.
- Mas que?...
- Não, não és. – Disseste-me tu calmamente.
- Sou sim. Eu penso! Eu comunico!
- Não, não pensas. – E continuaste a lidar pela casa.
- Penso sim. Se não pensasse, como é que estava aqui a falar contigo?
- Tu não estás a falar comigo. – Respondeste enquanto despejavas o cinzeiro.
- Caramba! Mas que raio se passa contigo hoje? Só me contrarias!
- Eu não te contrario. Nem sequer estamos a ter esta conversa.
- Mas que?...
E calei-me. E tu chegaste ao pé de mim, e mudaste-me as pilhas.
sexta-feira, dezembro 10, 2004
Convite de fim de semana
Começaste por me dar as mãos. Adoro sentir os teus dedos no meio dos meus, sempre quentes, no meio dos icebergs gelados que são as minhas mãos. Subiste pelos meus braços, devagar, apertaste o meu pescoço contra ti. Massajaste cada músculo do meu rosto, devagar.
Já estava rendida, desfaleci para cima da cama. Pegaste nos meus pés, mais devagar e gentilmente ainda. Sabes como detesto que me toquem nos pés, mas tu não lhes resistes, como sempre. Resolvi não refilar. Não hoje, depois de tanto tempo zangados, depois de tanto tempo sem nos vermos. Hoje sou para ti, sem barreiras.
Beijaste cada centímetro do meu corpo, como leste nos livros que se deve fazer para dar prazer a uma mulher. Sempre foste um teórico, mas pelo menos aprendeste bem.
As tuas mãos voaram por toda a parte, os teus lábios cobriram-me toda como uma manta de inverno.
- Amas-me?, perguntaste-me num momento em que paraste para respirar.
- Não.
- Ainda bem. Sabes que não quero que me ames. Sabes que não foi isso o combinado. Sabes que eu não aguentaria.
- Eu não te amo. Nunca te irei amar. Podes ficar descansado.
Paraste bruscamente de me tocar. Sentaste-te na beira da cama, sem me ver.
- Sabes que é demais para mim. Não te podes apaixonar por mim. Eu não presto, não vale a pena, só íamos sofrer os dois.
E acabaste a chorar nos meus braços.
Já estava rendida, desfaleci para cima da cama. Pegaste nos meus pés, mais devagar e gentilmente ainda. Sabes como detesto que me toquem nos pés, mas tu não lhes resistes, como sempre. Resolvi não refilar. Não hoje, depois de tanto tempo zangados, depois de tanto tempo sem nos vermos. Hoje sou para ti, sem barreiras.
Beijaste cada centímetro do meu corpo, como leste nos livros que se deve fazer para dar prazer a uma mulher. Sempre foste um teórico, mas pelo menos aprendeste bem.
As tuas mãos voaram por toda a parte, os teus lábios cobriram-me toda como uma manta de inverno.
- Amas-me?, perguntaste-me num momento em que paraste para respirar.
- Não.
- Ainda bem. Sabes que não quero que me ames. Sabes que não foi isso o combinado. Sabes que eu não aguentaria.
- Eu não te amo. Nunca te irei amar. Podes ficar descansado.
Paraste bruscamente de me tocar. Sentaste-te na beira da cama, sem me ver.
- Sabes que é demais para mim. Não te podes apaixonar por mim. Eu não presto, não vale a pena, só íamos sofrer os dois.
E acabaste a chorar nos meus braços.
quinta-feira, dezembro 09, 2004
Poesia fina
Deixaste-me uma declaração de amor,
escrita com lápis de cor,
bem no centro do meu coração.
Mas a borracha do tempo passou,
e tudo se apagou.
Espero que da próxima vez uses caneta de filtro.
escrita com lápis de cor,
bem no centro do meu coração.
Mas a borracha do tempo passou,
e tudo se apagou.
Espero que da próxima vez uses caneta de filtro.
terça-feira, dezembro 07, 2004
sábado, dezembro 04, 2004
Convite de fim de semana
A tua pele de pêssego sumarenta sempre me fascinou. Sabes que os pêssegos são a minha fruta favorita? Mesmo a palavra é linda. PÊSSEGOS. Enche a boca toda. Se a disseres correctamente até chegas a salivar. Experimenta comigo: PÊ-SSE-GOS.
Hummm... És assim, saboroso e macio, como um pêssego. Daqueles de roer, que dão luta, que escorrem sumo pelo queixo todo, que me deixam lambuzada e doce.
Hummm... És assim, saboroso e macio, como um pêssego. Daqueles de roer, que dão luta, que escorrem sumo pelo queixo todo, que me deixam lambuzada e doce.
És assim, saboroso, macio e carnudo. Bom de se roer e morder. Que se come com casca e tudo, porque melhora a textura e tem mais vitaminas.
Enches a minha vida de nutrientes essenciais, sabores de Verão e cores de amor. Como um pêssego. Daqueles bem redondos, que lambes todos os pelinhos antes de morder.
humm... fiquei com fome.
quinta-feira, dezembro 02, 2004
Politica (ou porque é que pessoas sensiveis não devem ler os meus posts)
Se há coisa que eu não consigo escrever são asneiras. Não sei se é por uma questão de educação, mas não consigo. Escritas, as asneiras parecem muito mais ordinárias, se é que isso é possível. Assim, de cada vez que vou para escrever “Ai que grande caralho!”, os meus dedos censuram-me e, em vez disso, escrevem “ai que órgão reprodutor masculino de proporções fora do normal!”
“Aquela puta!” transforma-se em “Essa senhora que ganha a vida copulando em troca de bens materiais!”. E a expressão mais usada durante toda a minha adolescência “Caralhos ma fodam!” sai sempre um politicamente correcto “ Que variadíssimos órgãos sexuais masculinos, de preferência de grandes dimensões, me penetrem furiosamente até perto da inconsciência!”
Ora hão-de convir que não fica um texto nada bonito.
“Aquela puta!” transforma-se em “Essa senhora que ganha a vida copulando em troca de bens materiais!”. E a expressão mais usada durante toda a minha adolescência “Caralhos ma fodam!” sai sempre um politicamente correcto “ Que variadíssimos órgãos sexuais masculinos, de preferência de grandes dimensões, me penetrem furiosamente até perto da inconsciência!”
Ora hão-de convir que não fica um texto nada bonito.