sexta-feira, janeiro 28, 2005

Convite de fim de semana

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Pegaste suavemente num dos meus pés, com ar de adoração. Gostas deles mesmo assim, pequenos, com um dedo ligeiramente encavalitado, sempre macios e sedosos. Beijaste-mo, apesar de saberes que isso é uma tortura para mim, que sofro profundamente com as cócegas. Acariciaste, percorreste os seus contornos com a ponta do dedo, e com a mão toda agarraste o meu tornozelo. Pegaste na corda de algodão que tinhas a teu lado, enrolaste-a no metal da cama, e prendeste suave mas firmemente o meu pé.
Repetiste religiosamente o mesmo processo com o outro pé, sempre intervalado com beijos e carícias, que me faziam arquear as costas de excitação e sofrimento. Abriste as palmas das mãos, grandes e profundas, e percorreste com elas o mapa do meu corpo, desenhando cada contorno, como se quisesses impregnar em mim a tua essência e o teu cheiro.
Esticaste cada músculo dos meus braços, até à cabeceira da cama, onde os deixaste parados, sem saber o que esperar. A ponta dos teus dedos fez o percurso inverso, procurando o tesouro que deixara escondido. Com um último beijo suave, puseste aquela suave tira de veludo nos meus olhos atentos, privando-me de mais esse sentido, mas despertando ainda mais todos os outros.
Ouvi-te pegar no copo de whisky que sabia que tinhas deixado ao pé da cama, e rodar as pedras de gelo pelo liquido que eu conhecia de cor. Senti uma gota fria escorrer na barriga, seguida do toque cortante duma pedra de gelo a percorrer uma estrada só dele, emendada pelos teus lábios.
Perdi a capacidade de pensar nesse momento. Todas as células do meu corpo se concentraram no sentir.

terça-feira, janeiro 25, 2005

O Banho

Entrou languidamente na banheira. Estava uma noite muito fria, e depois dum dia de trabalho comprido e monótono, não há nada melhor que um banho quente para relaxar os músculos saturados. Ligou a água no mais quente que conseguia aguentar, e sentiu com prazer os primeiros fios de água a desenharem-lhe os contornos do corpo. Esfregou-se com prazer voluptuoso, lavou o cabelo que lhe escorria sedento pelas costas, e estava agora apenas a deixar que a água corrente lhe lavasse o corpo e aquecesse a alma.
Entrou um vulto negro na casa de banho, sem que ela se apercebesse. Carregava nas mãos o final da sua vida. Ergueu bem alto a mão com a faca e susteve a respiração quando chegou perto do cortinado da banheira. Era agora! A vida daquela bela criatura molhada terminaria nas suas mãos.
A cortina abre-se subitamente.
- Desculpe, mas já vem atrasado!
- Ãh?
- Já vem atrasado. Agora já não dá. Pode baixar a mãozinha, que deixou escapar a oportunidade.
- Ãh? – Disse ele, de boca aberta, ainda com o braço estendido no ar.
- Desculpe, mas feche a sua boquinha de espanto, baixe o bracinho, que já lhe disse que hoje já não vem a tempo. Essas coisas são feitas depois do shampoo, mas antes do amaciador. E eu já pus o amaciador. Aliás, se me fizer o favor de se desviar para me deixar pôr o creme no corpo, eu agradeço.
Ele desviou-se ainda incrédulo, mas sem baixar o braço parado no ar, que parecia agora que já não lhe pertencia.
- Amaciador? Creme no corpo?
- Vai repetir tudo o que eu lhe disser? Aposto que tem a licença há pouco tempo. Quantos crimes já praticou?
- Ãh... pois... este seria o primeiro. Passaram-me a licença há um mês, mas houve problemas com as burocracias, perderam-me umas notas dumas cadeiras, e só ontem chegou a guia de assassínio a casa.
- Pois, estou a ver, teve azar na faculdade que escolheu, com certeza. E hoje, tão desejoso de experimentar, nem leu as regras como deve ser, aposto. Isto de se matar tem os seus procedimentos. Tem de ser depois do shampoo, porque a vítima não pode ir de cabelo sujo, não fica bem nas fotos para o jornal. Mas tem de ser sempre antes do amaciador, para evitar gastos desnecessários. Ou não sabe que os produtos de higiene pessoal andam pela hora da morte?
- Pois, realmente não ando a par dos preços. O meu corte de assassino é de manutenção fácil, só uso shampoo. E nem preciso secador depois.
- Percebo, mas este lindo cabelo de vítima só se consegue manter à custa de muitos tratamentos, como deve compreender. Por isso, é como lhe digo, perdeu a sua vez. Desculpe, importa-se de me passar o soutien? Está ali pendurado no toalheiro.
Passou-lhe o soutien, corando, como se de repente se tivesse apercebido da sua nudez.
- Então e agora como é que eu resolvo isto? Já tinha marcado uma reunião na Ordem e tudo. Sabe que só me posso inscrever depois do primeiro assassinato concluído com sucesso.
- Isso agora é que eu não sei como é que vai resolver. Mas hoje já será impossível, com certeza.
- Então e se fôssemos jantar? Sempre me podia explicar os passos dum banho correcto, e em que parte é que eu tenho de aparecer.
- Sabe que isso é muito pouco ortodoxo, mas realmente hoje já não tenho mais nada para fazer. Dê-me cinco minutos para acabar de me vestir.
- E já agora pagava a senhora. Assim como assim, vou assassiná-la numa questão de dias, quando acertar com os tempos. E sempre me poupava uns trocos.
- Mas que falta de cortesia. Mas enfim, já não se fazem assassinos como nos meus tempos de criança. Venha daí. Mas se sou eu a pagar vamos a um baratinho. Que ainda tenho de deixar herança.

domingo, janeiro 23, 2005

Depois da Tempestade

Quando nasci o senhor doutor pegou-me pelos pés e virou-me de cabeça para baixo. Nesse momento eu estendi os braços, chorando desamparada, e Deus segurou-mos. Puxou-me para Si e voou comigo nos Seus braços. Tem-me carregado desde esse dia, envolta num abraço apertado, sobrevoando montes e vales, abismos profundos e tenebrosos.
Mas eu tenho espírito rebelde, e por vezes luto comigo própria, tentando libertar-me. Quero conhecer a paisagem aos meus pés, principalmente os abismos da vida, que me fascinam e atraem. E o Senhor respeita-me, e vai-me pousando suavemente, deixando-me caminhar com o meu próprio pé. E eu sinto-me livre, feliz e sozinha.
Invariavelmente os meus passos levam-me até à beira do precipício, agrada-me espreitar lá para baixo e ver se existe fundo, se é alcançável. Nessas alturas começo a balançar, experimentando os pés, tentando cair. Já não vejo nada, não sinto, apenas uma angústia me preenche a garganta num grito sem voz. E vou sempre forçando, até deixar de distinguir um caminho à minha frente e lanço-me de cabeça no vazio.
Mas nessas alturas Deus, que me tinha mantido segura por um fino fio de cabelo, volta a puxar-me para Si. E abraça-me carinhosamente, abafa os meus soluços, e voa comigo pelos céus.
Um dia irá pousar-me definitivamente, quando a minha viagem chegar ao fim, e eu puder finalmente descansar em terra sólida ou queda eterna.

Alcool às 6h da manhã

Incrivel como eu consigo ser o meu pior inimigo.

Às vezes odeio-me tão profundamente que até queima as entranhas.

Burra, Burra, Burra!

A emissão segue dentro de momentos, quando o teor de sangue no vodka voltar ao normal.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Parvoíces

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Lua cheia lua cheia
Lua cheia de algodão
Mandei um beijo à lua
Para pedir o seu perdão.

Lá do alto engalanada
Ela olhou-me com desdém
Deve andar enganada
A pensar que eu tenho alguém.

Lua cheia, lua cheia
Lua cheia de melão
Carrada de gente feia
Que não me deixa da mão.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Noites cinéfilas

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Foi o primeiro filme que fui ver este ano, e confesso que gostei bastante. Ia um bocado apreensiva, por o Woody Allen ultimamente não ter estado no seu melhor, mas não vim nem um bocadinho desiludida.
Faz-nos pensar na maneira como encaramos a vida, como podemos buscar a felicidade mesmo nas pequenas coisas, como podemos optar por ver as coisas a preto e branco ou a cores. Isto, se não estivermos com a vista turva e demasiado embrenhada na nossa paleta monocromática.
Um recomeço cinéfilo bastante agradável, que eu recomendo vivamente.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Convite de fim de semana

Estava no bar do costume, com os amigos de sempre, dizendo piadas ácidas, e a ser a entertainer da noite. Bebiam a mesma coisa de todas as noites, e a conversa ia já bem embalada. O telemóvel apitou com sinal de mensagem, e ela foi ler. Era uma dependente social. Curta, a sms apenas dizia: “Vai à casa-de-banho.”
Nenhum dos seus amigos tinha saído dali, nem mexera no telemóvel, o que punha de parte a ideia de poder ser uma brincadeira deles. Olhou em volta, assustada e intrigada, mas acima de tudo curiosíssima.
Ninguém no bar parecia estar a olhar para ela, ou sequer a mostrar interesse no que ela fazia. Depois de pensar um pouco, resolveu entrar no jogo. Levantou-se e foi até ao WC. Entrou, trancou a porta e esperou. Andou dum lado para o outro, observando o espaço.
E durante algum tempo, nada aconteceu. Resolveu desistir, e quando estava para sair recebeu outro sms. “Abre-me a porta.”, dizia. E ecoaram três pancadas secas.
Entreabriu a porta devagar. Ele aproveitou a fresta, meteu um pé, e abriu apenas o suficiente para se esgueirar lá para dentro.
Encostou-se a ela e empurrou-a contra a parede. Definiu-lhe os contornos do rosto com os dedos, abriu a mão toda e encostou-a à garganta. Foi apertando devagar, mas com firmeza. Com a outra mão descobria-lhe o corpo, sentia a sua excitação, e prendia-a mais contra si.
Tapou-lhe os lábios com um beijo suave, e continuou apertando a mão, cada vez mais fortemente. Tinha perto dos seus olhos a visão dos dela, carregados de pânico. Sentia-a debater-se frouxamente, mas o peso do seu corpo, e a arte das suas mãos mantinham-na segura.
Continuou a apertar, e sentia a boca dela tentar sugar na sua o ar que lhe permitiria viver. As lágrimas dela inundavam já ambas as faces.
Finalmente, o corpo mole dela escorregou pela parede, de encontro ao chão frio de pedra. Ele sorriu, lavou as mãos e compôs o cabelo. Espreitou cá para fora, e como não viu ninguém, saiu, deixando atrás de si a porta entreaberta. Saiu do bar para o frio da noite. Ia a virar a esquina quando ouviu um grito claramente feminino. Sorriu de novo, entrou no carro e partiu.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Mente Negra

Sorria-lhe com um olhar vazio, e acenava com a cabeça, fingindo estar interessada no seu discurso inflamado mas sempre igual, e cheio de lugares-comuns. Mas no interior do seu cérebro passavam a uma velocidade vertiginosa imagens em que se via claramente a esfaquear, lenta e dolorosamente, a figura que se encontrava à sua frente. Via-a contorcer-se com dores, a gritar, a pedir socorro e clemência, até finalmente cair no chão, inerte.
Aí recomeçava o filme. Agora era com uma corda, apertava-lhe o pescoço fortemente, via os matizes do seu rosto a mudar até chegarem a roxo, e sentia então todo o peso da figura a deslizar para o chão, já sem respirar.
E tudo voltava ao inicio. Agora empurrava a cabeça da figurinha contra uma tina cheia de água, obrigando-a a calar aquela boca que nunca estava fechada, sempre a emitir opiniões como quem é dono do mundo.
Sorriu vagamente e ouviu-se dizer: “Sim, claro. Tens toda a razão.”

terça-feira, janeiro 11, 2005

Cúmulo da pequenez

Desde que as calças à pirata estão na moda... nunca mais precisei de subir bainhas.

domingo, janeiro 09, 2005

Convite de fim-de-semana

Há rituais que se repetem, e este ela repetia-o frequentemente. O sexo, o risco, o total desrespeito pelas convenções sociais estimulavam-na como mais nada o fazia.
Costumava escolher um cinema tranquilo, mas isso existia cada vez menos na cidade. Agora ia mais às sessões da meia-noite.
Entrava devagar, sem ser notada. Ficava num canto, observando todos, escolhendo a “vítima”. Aproximava-se, sentava-se, não dizia nada. Deixava que a sua proximidade indesejada fosse sentida como um incómodo.
Começava por lhe passar as mãos nas pernas, apertando forte. Os homens não estão habituados a este tipo de abordagem, sentem-se intimidados, e optavam quase sempre por não dizer nada. Raramente tiram os olhos do ecrã, como se não fosse real o que lhes estava a acontecer. Ela olhava-os. Todos os seus gestos a excitavam, a sua atrapalhação, o espanto.
Desapertava-lhes as calças, deslizava a mão lá para dentro, acariciava-os. Adorava sentir as suas respirações alteradas, o ajeitar na cadeira, sem saberem se se haviam de por a jeito ou tentar fugir.
O abafar dos gemidos, o desconforto, o prazer não consentido, tudo isso a punha fora de si. Atingir o clímax deles era a meta dela. Depois disso, levantava-se, saía e voltava para casa.
Nessa noite conseguiu dormir.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Tango

Era um dia calmo, igual a tantos outros, em que eu sossegadamente surfava na net. Nem sei bem o que buscava, via sites de músicas, filmes, etc e tal, aquelas coisas que uma pessoa faz quando não tem nada melhor para fazer, ou quando as alternativas são tão apelativas como ir trabalhar, ou arrumar a casa.
De repente entrou um ficheiro corrupto pelo meu disco rígido dentro. Sacanas destes gajos, que inventam estas tretas, que depois uma infoanalfabeta como eu não sabe resolver. O anti-vírus ficou doido, apitava por todo o lado, e acendeu a luz vermelha intermitente que está por cima do monitor, enquanto berrava desalmadamente “ti-no-ni, ti-no-ni!”.
Ok, ok, já percebi a mensagem, é uma coisa importante. Mas diz-me lá o que é suposto eu fazer. Depois de uma pausa, o sacana do bicho alojou-se na minha pasta de música. Aí é que o pc pifou de vez. Desatou a gritar: “Acudam que me dá um faniquito ligeiro!”, tudo em tom dum faduncho da Mísia que eu tinha para lá guardado. Foi quando começou o pior. Começaram a chover as sms no monitor: “O W527 (que eu suponho que seja a graça do bicharoco) está a comer o Robbie Williams (eu sei, eu sei, sou uma pimba)”. “O W527 está a comer as Sugababes!” “O W527 está a comer os Joy Division (aiiiii, que o bicho é necrófilo!!)” “O W527 está a comer os Placebo!”
Ora agora foi a gota de água! Que o desgraçado do bicho ande a comer aquela gente toda, quando a própria dona do pc não come ninguém há tanto tempo, ainda vá que não vá... Agora o Brian Molko, se eu não como, então também mais ninguém come! É preciso descaramento.
E pronto, toca a armar-me em Lara Croft, vestir o belo do calçonito justo, o top a mostrar o mamaçal, a faquinha na liga (que visão dantesca...) e entrar disco rígido dentro para exterminar o animal.
Depois de muito penar por circuitos e bites, lá o encontrei, ainda a dançar um tango com a Coco Rosie, ao som de Lhasa.
“W527?” pergunto-lhe, com um ar autoritário, e musiquinha de western spaguetthi ao fundo.
“Si cariño. Quieres bailar comigo?” Bonito, ainda por cima deve ter vindo do site do canal 18. Estes são os mais difíceis de exterminar, vêm programados para “make sex, not war”, e não há quem lhes tire isso dos circuitos. Medidas drásticas impõem-se. Saco dum preservativo anti-vírico, e laço-o com ele. Depois de bem amarrado carimbo-o com o “Parental Advisory, Explicit Lyrics”, e é vê-lo estrebuchar e definhar, qual vampiro de encontro à luz.
Missão cumprida, pode voltar a paz e a normalidade ao meu computador. Se bem que me pareceu ver um certo ar de saudade na cara da Coco Rosie. Quando lhe perguntei o que se passava, ela confessou-me que ficou triste. Diz que é muito difícil encontrar um homem que dance bem o tango hoje em dia.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Tonalidades

A vida dele era a preto e branco e alguns tons de azul. O azul era para os números, frios e impessoais que sempre o rodearam, e que ele tanto gostava. A média de idades das namoradas que já tivera, e o desvio padrão do seu QI. A soma de todos os salários que já auferira, o total de transferências bancárias mensais para contas de ex-mulheres e quase-filhos. A multiplicação exponencial de pombos na cidade, que o deixavam louco porque estragavam a pintura do carro novo.
Já tinham existido outros tons na sua vida. Uma vez acreditou que estava apaixonado e pareceu-lhe distinguir algum vermelho. Mas depois viu que estava enganado, e agora, à distância, percebe que apenas tinha sido sépia. Já desistiu de procurar a mulher arco-íris, aquele mito de todos os homens, e das suas hormonas da adolescência. Vai-se juntando a mulheres como ele, com vidas a preto e branco e alguns tons de nada.

domingo, janeiro 02, 2005

As badaladas

Olhou em volta com um ar espantado. Tinham acabado de soar as doze chicotadas da meia-noite, e ela não entendia o porquê de toda a euforia forçada que se vivia à sua volta. Copos a bater, passas, beijos, abraços, demasiado contacto fisico, entre gente nojenta que na realidade não se suportava. E ela continuava sem perceber porquê a euforia, e pior que isso, porque é que não se contagiava com ela. Porque seria que nenhuma daquelas criaturinhas irritantes a tentara abraçar e lambuzar num beijo peganhento e claramente indesejado? Porque é que ela não se sentira tentada a gritar e bater panelas à janela como todas aquelas coisinhas? Não lhe faltava nada. Tinha arranjado uma garrafa daquela mistela intragável, cheia de bolhinhas, uma mão cheia daqueles frutos absolutamente imprestáveis, e que já tinham com certeza passado a altura de serem comidos. Vestira uns trapitos com lantejoulas e prendera o cabelo num apanhado complicado, cheio de ganchos, que quase lhe furavam o craneo e lhe sugavam os miolos. Mas mesmo assim não se conseguira contagiar.
Aliás, agora que reparava bem, nem sequer ouvia a música, que de certo era atroz, uma brasileirada qualquer de gosto mais que duvidoso. E se olhasse mesmo com atenção, nem distinguia os movimentos das pessoas. Agora que via mesmo, mesmo bem... há quanto tempo estaria a olhar para aquela velha fotografia?